segunda-feira, janeiro 19, 2004

Eu já tinha achado absurdo o Gabriel, o Pensador e o Cidade Negra fazerem o show de fim de ano na Paulista, hoje de manhã ouvi o "Hino dos 450 Anos"... e ele é cantado pela Daniela Mercury! Indignação logo de manhã! Exatamente, uma soteropolitana, cantando um samba / axé em homenagem à maior cidade do Brasil... Qto a Daniela Mercury, nem vou dizer nada, mas essa história de ser um samba só piora a situação, ok, samba é o ritmo oficial do Brasil, ok, SP já formou grandes sambistas, mas porra, é 2004, faça uma música punk rock ou pelo menos ou rap, isso sim é a cara da minha cidade!
Eu sei q São Paulo não é uma cidade tão fácil de ser amada como o Rio, por exemplo, pq a beleza da mesma não está estampada em qquer cartão postal, ela não é tão óbvia, leva tempo p/ se acostumar e mais tempo ainda p/ começar a realmente amá-la por razões não racionais, todo mundo diz "Ah, eu gosto daqui pq tem de tudo, tem movimento o tempo todo, sempre tem alguma coisa rolando em algum lugar", mas no fundo, não dá p/ explicar pq uma pessoa ama SP, ela é suja, barulhenta, super populada, grande demais... E mesmo assim tem gente, como eu, q é louco por esse lugar, q não mudaria daqui e simplesmente não sabe pq... E mesmo eu, q amo esse lugar, tentando convencer um americano com quem eu tenho trocado e-mails a vir p/ cá, fiquei pensando em levá-lo p/ praias e outras cidades pq tenho a sensação q SP é um gosto adquirido, é raro alguém se apaixonar a primeira vista por esta zona, tem q se livrar do conceito de q lugar bonito é praia e coqueiro, tem q começar a ver a beleza de um horizonte tomado por prédios, um pôr do sol vermelho por causa da poluição, a imensidão de olhar em volta e ver cidade e cidade sem fim, achar lindo a linha de postes de luz cortando a Paulista, a quantidade de loucos por onde vc anda, a vastidão q é o centro no meio da noite, a beleza do asfalto, das ruas tomadas ou vazias, as vidas, dramas e histórias q se desenrolam por todos os lados, aquela arvorezinha tímida q insiste em crescer no meio do cinza da calçada, os postes da Liberdade, as festas de rua da Moóca, as mesinhas de bar do lado de fora no Jardins, o barulho e vento do metrô chegando na estação, os bingos iluminados, os parques da Zona Sul, as casinhas germinadas da Zona Norte, as fábricas das Zonas Leste e Oeste, o emaranhado de viadutos do Centro, o guia de ruas gigantesco q todo mundo tem q ficar carregando no carro, pq nem o taxista q roda essa cidade há 20 anos conhece tudo, quer dizer, essa cidade é maravilhosa e não dá p/ transmitir nem explicar esse sentimento, é irracional e profundo...

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