Lá é tudo na praia, tudo na beira da praia, nossa pousada inclusive, aí que eu fiquei muito tempo em vários dias encostada numas coisinhas de madeira com corda, em frente à pousada, olhando o mar, vendo amanhecer, ou anoitecer, ou ainda a lua quase cheia, e uma coisa que pensei foi em como tão rápido e tão em seguida eu estive em lugares tão diferentes, com pessoas tão diferentes.
Foi assim, uma noite, olhando a lua, refletindo prateada no mar, fui tomada de assalto pela lembrança de uma outra noite de lua quase cheia, que eu fiquei namorando da sacada do bar em McLeod Ganj, lá no Himalaia, mesma eu, mesmo céu, mesma lua, tudo o mais era diferente, inclusive eu, o céu e a lua.
Acho que ficar mais velha é isso, acumular lembranças, momentos, cheiros que te inundam em horas impróprias ou não.
Outro PS Importante sobre a Bahia: Eu sou o único ser do planeta que consegue ir à Bahia, passar o Reveillon e simplesmente não beijar (veja bem, se nem beijo eu dei, óbvio que trepar menos ainda) apesar de ter ido extremamente mal-intencionada, com um pacote de camisinha na mala, eu olhava aquela molecada, bêbada, promíscua, catando qualquer coisa que fizesse sombra (sim, eu cheguei a ouvir isso "se fizer sombra, eu cato" de um mocinho) e meu tesão morria. Ou melhor, ele tentava se suicidar, afogando-se no mar de tão péssimas que eram as opções naquele lugar - só namorando a lua mesmo.
Acho que ficar mais velha é isso também - descobrir que eu não achei minha boca (e todo o resto também) no lixo.
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