segunda-feira, março 29, 2004

Viva as mulheres sem pudor
É preciso dar crédito às mulheres que não valem nada. E reconhecer que as moças que não prestam servem para muitas coisas. Nãe é só uma questão de humanidade ou tolerância. Essas meninas de boca suja e sem vergonha na cara sabem do que estão falando quando olham nos olhos de alguém. São desprovidas de pudor e pródigas em despertar falsos moralismos. Difícil a vida das mocinhas fáceis.
Não estou falando de sexo pago, aquele que sempre sai mais barato do que o gratuito. As profissionais, as rameiras que são do ramo por opção, são literalmente uma categoria à parte. Bem distintas das diletantes, que até racham as contas e só agem por prazer e amor à arte de amar. As amadoras.
Quero falar é das mulheres que têm coragem de viver como meninos que não têm medo de mulher. As matadoras, vagabundas, atrevidas, biscates, vadias. Sou mais as galinhas do que as peruas. São aves raras as que não dão valor às aparências, por mais comuns que pareçam. Há muitas que se perdem e à auto-estima, é bom dizer. Sofrem tanto nos seus exageros que acabam tristes e sozinhas. Como os cachorros e porcos da fauna masculina.
As verdadeiras poderosas, as audaciosas bem resolvidas, são felizes, sim. Quado aprendem a não se deixar usar pelos homens mentirosos, a carne é fraca e sincera. Poucos suportam essa desfaçatez. Sorte desses, os que são eleitos pelas que sabem escolher. A vida selvagem é para potrancas e garanhões de fino trato.
Nas grandes cidades, não andam em bandos. Sabem que assustam. Tampouco se escondem. Pelo contrário, mostram-se de frente. Quando desaparecem, não adianta procurar: são elas que saem à caça. Por isso, conhecem tudo sobre abates, presas e fugas. Também querem ser capturadas, mas não ousam admitir.
Porque são ingênuas. Pensam que só elas nos vêem. Vivem numa ilusão de ótica. De perto, de muito perto, fazem de tudo por você. Amam de peito aberto, se ajoelham, se viram do avesso, nos põem de quatro. A média distância, são lindas, insaciáveis, perturbadoras. De longe, são tão lascivas, parecem homens. Ninguém é perfeito.

Marco Antonio Araújo

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