Eu costumo dizer que só o sexo salva, mas não é verdade, muitas vezes, só a música salva, especialmente se for no formato de um mega-show de rock.

Eu cheguei ontem no Tim triste, cansada e hiper-atrasada (marquei de estar no metrô ás 18:30, saí do escritório 23:00h), mas aí logo a Juliette & The Licks entrou no palco e ela é tão cool (quero ser que nem ela se um dia eu crescer), que mesmo com o som bosta, como é claro que será no Tim Festival, até voltei a meio que sorrir, dancei um pouquinho e comecei a melhorar.

Depois do que pareceu um século, com a gente já praticamente deitando naquele chão nojento com cheiro de mijo do Anhembi de tanto sono, afinal era quase 2 da manhã do domingo, o Arctic Monkeys entrou arrasando e eu amei, mais do que eu esperava que amaria, e o visual deles é tudo de bom e estou apaixonada pelo vocalista mega-fofo (apesar que óbvio que teria vergonha de andar com ele na rua, aquele look começo dos anos 70 é perfeito no palco, na rua... medo). E esse foi o show que eu mais dancei e gritei, exatamente o que um médico teria receitado!

E com a 1 hora de espera p/ montagem do palco, sendo que a água acabou a 1 da manhã, a comida lá pelas 2 e às 3 e pouco, quando terminou o Arctic Monkeys, descobrimos que tinha acabado também todo o refrigerante (basicamente só sobrou cerveja), uma vozinha começou a berrar no meu ouvido, me lembrando que eu já não agüento mais virar a noite, que eu precisava vir cedo trabalhar, que o dia seria mega-corrido, que o lugar estava cheirando a mijo e maconha, que as minhas costas, pernas e pés doíam loucamente, e que se eu descobrir quem foi o mané que marcou um festival p/ começar no domingo 18:30 eu mando matar porque ele é um idiota com poder demais p/ continuar ocupando espaço no planeta, resumindo comecei a querer muito ir embora...

Mas aí o tempo foi passando, passando, eu dormi um pouquinho... e aí o show começou e como eu teria sido estúpida se tivesse ido embora! Palco lindo, iluminação linda, músicas lindas, tocaram todas as que eu queria ouvir, vocalista até que bem carismático, músicos com tesão, meio que pedindo desculpa pelo atraso e comentando como já era tarde (estava marcado p/ eles entrarem 1 da manhã, mas eles entraram mesmo já quase 4 da madrugada), lua perfeita no céu, aquela sensação de “estou perdida no tempo e no espaço” (privação de sono faz isso com um indivíduo), enfim, chorei na última música.

E por isso, entre tantas músicas que eu quis ouvir hoje de manhã a que eu coloquei no iPod p/ vir trabalhar depois de exatamente 1 hora e meia de sono foi ”All these things that I've done”, a que me salvou e me fez acreditar, sem sombra de dúvida, que mesmo com toda a merda, no fim vai ficar tudo bem, e isso vai passar, assim como tudo que já foi enorme e passou um dia.

Another head aches, another heart breaks
I'm so much older than I can take...
I need direction to perfection, no no no no

Lado péssimo do Festival: O som foi, de novo, uma bosta, se as bandas não fossem tão boas... O preço que eles cobraram dos ingressos é obsceno, ainda mais considerando como o lugar era péssimo. A organização foi inexistente, os técnicos são absurdos, como assim uma torre de som gigante no meio da pista?!? E a cereja do sundae: Como assim a água acabou á 1 da manhã??

Detalhe foda: deixei o carro no estacionamento do Tietê pensando em no fim do show pegar um táxi do Anhembi até o Tietê, resultado: 5 e meia da manhã eu estava, seguindo o fluxo e andando até a rodoviária, e mêu, como é longe... Se eu não estivesse tão feliz teria sido um dos momentos mais baixos da minha vida, não tinha táxi suficiente p/ atender todo mundo.

Detalhe podre: Tietê lotado de gente indo trabalhar, 23 congestionada de gente indo trabalhar, eu chego meu porteiro comenta ”ê que a festa foi boa hoje!” (eu não conseguia andar em linha reta) e quando estou saindo p/ trabalhar 2 horas mais tarde ele pergunta se eu tenho condições de dirigir “mesmo”... Pior de tudo, não posso faltar na aula hoje, vou ter que aguentar firme... Volto pra casa só depois das 23h...