terça-feira, junho 24, 2008

Já coloquei essa citação aqui, mas faz tempo, continua sendo verdade e então vai de novo (traduzido dessa vez):

"Não dá para se lembrar do sexo. Você pode lembrar do fato, lembrar o cenário, ou até os detalhes, mas o sexo do sexo não pode ser relembrado, a verdade substantiva do mesmo é, por natureza, auto-apagável, você pode lembrar a anatomia do sexo e ter um julgamento do quanto você gostou, mas o que quer que ele tenha sido, uma indulgência, um se perder, uma sentença penal de amor, parando seu coração como sua própria execução, não há memória do sexo no seu cérebro, apenas uma constatação que ele aconteceu e que aquele momento se foi, deixando uma silhueta, que você deseja preencher novamente."
E. L. Doctorow (1989)


Ultimamente tenho pensado bastante nessa citação, talvez porque tenho lembrado bastante de Before Sunset; na Celine dizendo "Little things(...) You can never replace anyone, because everyone is made of such beautiful specific details."

Eu não lembro o rosto ou a voz das pessoas de quem eu gostei, das pessoas com quem transei, lembro de um detalhe, uma sensação, cheiros, toques. Lembro de um piercing na minha língua, uma mão na minha mão, uma curva nas costas, um dedo nos meus lábios. Só fragmentos de homens diferentes. Hoje comentei que o sexo começa num olhar, mas não lembro do rosto daqueles que me comeram com os olhos, lembro só da minha pulsação acelerando, da minha respiração ficando ofegante, a adrenalina de saber, mas ainda assim ser surpreendida pelo o que vai acontecer, dali a instantes (ou não).

De repente sinto falta de algo que eu sei, sem lembrar, o que é. Sinto falta de alguém que não sei quem é, porque só há fragmentos misturados não na minha cabeça, mas sim pelo meu corpo. Where does it all end? When do it all start?

PS. Pois é, ando mega-produtiva sem TV a cabo.

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