segunda-feira, janeiro 12, 2004

Carrie não sabe como sair de cena

Produção da série enfrenta dilemas na última temporada

“Case-se com Big! Case-se com Big! Case-se com Big.”
Sarah Jessica Parker está sentada em seu trailer do lado de fora do Silvercup Studios, em Long Island City, Queens, onde “Sex and the City” é filmado. Com uma sobrancelha erguida, ela canta o refrão que ouve a cada dia, mulheres implorando por um final de conto de fadas para a série, que começa sua temporada final, de oito episódios, nos EUA, na HBO. É um final que, ela sabe, comoveria metade de sua audiência e deixaria a outra metade furiosa.
“Quero só que Carrie fique feliz”, diz, falando da personagem que interpreta há seis temporadas. “Quero que sintam que ela está bem. Mas é preciso cuidado, porque temos de honrar as pessoas que pagam para nos receber em suas casas, e muitas mulheres que não acreditam que encontrar um homem seja a origem da satisfação pessoal, e pensam que ficar sozinhas é bom, certo e satisfatório, e que as famílias que criamos podem nos realizar. E temos de honrar aquilo que já fizemos. Não podemos fracassar.”
Ela está saindo um pouco do tema, mas é compreensível, até certo ponto. Encerrar uma série de televisão duradoura é sempre um desafio, que terá de ser enfrentado por diversas delas neste ano, entre as quais “Frazier” e “Friends”. Mas para “Sex and the City”, a amarra final da trama oferece um dilema especialmente espinhoso. Desde o começo, a série gira em torno da questão: é possível ser feliz sem um parceiro romântico fixo? Não importa que rumo os roteiristas tenham escolhido, o episódio final será visto como uma resposta a uma pergunta que Carrie Bradshaw mesma poderia ter proposto, cigarro na mão, olhando pela janela de seu apartamento: na vida de uma mulher solteira, o que vale como final feliz?
“Eu não gosto muito da expressão ‘só faltam dois episódios’”, diz Michael Patrick King, um dos produtores-executivos da série. “Essa é a frase que mais me assusta quanto a possibilidade de que as pessoas fiquem tão frenéticas que, quando virem o episódio pela primeira vez, entrem em choque porque acabou.”
Os roteiristas estão decididos a manter segredo sobre suas soluções, ainda que certos elementos já sejam conhecidos, como o fato de que haverá cenas em Paris. Finais diferentes foram filmados para impedir que o verdadeiro chegue à imprensa.
Com dois terços da temporada final exibidos no terceiro e quarto trimestres do ano passado, parte das conclusões da série já parece determinada. Charlotte está feliz em seu segundo casamento, acaba de se converter ao judaísmo e está se tratando para poder ter bebês. Miranda, a advogada corporativa, tem um bebê, e retomou um romance cálido e idiossincrático com o pai do menino. Samantha, a aventureira sexual do seriado, uma espécie de super-heroína estilizada da promiscuidade feliz, teria de enfrentar dúvidas quanto à sua sobrevivência, na última temporada, segundo alguns boatos. Mas parece improvável que sucumba à febre do casamento, a despeito da devoção quase canina de seu namorado modelo.
Isso deixa Carrie Bradshaw, a heroína solteira da série, o alvo da identificação de todos os fãs. Alternando coragem e covardia, egoísmo e generosidade, Carrie começou como criação quase autobiográfica de Candace Bushnell, a glamourosa jornalista cuja coleção de colunas para o “New York Observer” inspirou a série. Mas sob a orientação de King e Parker, Carrie se aprofundou e deixou para trás suas origens como uma frágil antropóloga urbana, tornando-se uma complicada combinação: um personagem icônico retratado na forma de indivíduo idiossincrático.
Casar Carrie Bradshaw e dar-lhe uma festa conjugal de final de temporada aparentemente violaria a premissa central da série. Mas deixá-la sem par também pode parecer decepcionante, e o mesmo se aplica à opção por um conceito falsamente audacioso de vitória da autonomia, que pouco combinaria com o personagem.
Todos querem estar representados nas cenas finais de “Sex and the City”, diz King. “Mulheres solteiras, casadas, casais não casados, mulheres mais velhas, caras mais velhos que gostam de Samantha, meninas de 17 anos que prestam atenção nos sapatos.”
As discussões tomaram a sala dos roteiristas, todos solteiros.
Jenny Brick, que escreve para a série desde a primeira temporada, diz que, com os roteiristas tantas vezes usando situações de suas vidas para o programa, se sentem particularmente envolvidos na decisão quanto ao final. “Somos um grupo muito emotivo”, diz. King tem um pesadelo quanto ao final da série. “É aquela idéia de as quatro se casando no Central Park”, diz, cerrando seu elegante punho. “Não creio que eu poderia forçar minhas mãos a digitar isso.”

Fonte: The New York Times / Folha de S. Paulo

Pergunta da Dé (Thanx!):
PODEMOS SER FELIZES SEM UM GRANDE AMOR AO NOSSO LADO? OU A FELICIDADE É MUITO MAIS DO QUE ISSO?
Não sei tia... Como a gente estava conversando ontem... Eu amei só uma pessoa, não sei se dá p/ classificar como um grande amor sem base de comparação, o q dá p/ dizer é q só com uma pessoa eu pensei em passar o resto da minha vida, ter filhos, envelhecer juntos, pacote completo... O q eu consigo dizer é q eu sou feliz sem um grande amor ao meu lado, primeiro pq eu tenho as lembranças de todas as "histórias de amor" q eu já vivi e segundo, eu recebo amor de outras pessoas, como meus amigos e família... Se isso substitui o vazio q eu sinto acordando sozinha na minha cama em um domingo de sol? Não, de forma alguma, no entanto eu sei q essa é uma fase em q eu estou sozinha, e muito disso por opção... Resumindo: Dá p/ ser feliz sem um grande amor ao nosso lado, o importante é amar e ter tido pelo menos um grande amor, a felicidade é muito mais do q isso E é muito mais gostoso ser feliz c/ um grande amor ao nosso lado...
Como eu gostaria q fosse o fim do Sex and the City? Carrie, depois de ouvir uma declaração de amor tanto do Big qto do Baryshnikov, pensa bem (passeando por lugares fantásticos em NY), liga p/ um deles e marca um encontro no Central Park, corta p/ ela maravilhosa, chegando no Parque e sorrindo, sem a gente saber p/ quem... Assim, dependendo do meu humor, eu posso imaginar q foi um ou o outro... Nesse caso, eu prefiro um final aberto...

Nenhum comentário: