"The only things in life that are important are the things you remember." - Jean Renoir
Eu pensei em várias formas de começar esse post, começar falando sobre o barato da música, sobre a minha frase favorita de um dos meus filmes favoritos (“There's only one instant, and it's right now. And it's eternity.”), sobre algo que minha amiga me disse outro dia – como ela estava parada no farol da Consolação e de repente começou a tocar 'Old habits die hard' e ela olhou p/ cima e viu o lugar onde ela comia Pizza Hut na cama, sendo feliz – sobre como algumas músicas sempre lembro onde eu a ouvi pela primeira vez, como essas músicas para sempre estarão atreladas àquele momento específico, especial. Aqueles momentos que são a minha vida, a minha trilha sonora, momentos que me trouxeram até aqui.
Mas eu resolvi ser objetiva e começar contando que ontem, antes de dormir, meu iPod, que tem vontade própria, começou a tocar a música aí em cima e eu fui transportada para o momento em que a ouvi pela primeira vez, quando quis pagar de esperta e logo disse 'Bette Davis Eyes' remix (a brincadeira era 'Qual é a música?') e um par de olhos me olhou, sorrindo, daquele jeito que diz ”não, perdeu, eu ganhei”, uma boca parou de beijar meu corpo e sorriu também e disse o que os olhos já haviam me explicado. E eu sorri de volta, impossível não sorrir de volta mesmo tendo perdido a brincadeira.
O ponto desse post é que fui dormir ainda sorrindo e hoje o dono daqueles olhos, daquela boca, por transmissão de pensamento, depois de semanas, me mandou uma mensagem, que me fez sorrir de novo, ainda. Esse é o barato da música, da vida, dos momentos que a gente lembra por causa de uma música, porque a gente não lembra com peso, é leve, é sorrindo. Tudo aquilo passou, está no passado – porque as plantas que não têm para onde crescer acabam murchando e morrendo - mas sempre continua presente, é minha história – a menos que eu bata a cabeça e tenha amnésia e mesmo assim ainda acredito que vou ouvir algumas músicas e sorrir, sem saber por quê.
Um comentário:
O dono daqueles olhos provavelmente goste de relembrar o passado e com isso pode imaginar caminhos traçados de maneiras diferentes do que de fato aconteceram para que sorrisos, brincadeiras, beijos e afins não tivessem ficado no passado e contassem apenas um pouco do que estaria sendo vivenciado nos dias atuais.
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